O espaço da bolha vs bolas de Natal cintilantes
Numa ocasião em que o costume é "ajuntar" a família e num contexto em que já nos basta vermos todos os dias as mesmas caras e os mesmos espaços, a possibilidade de redecorar tudo com tons de dourado e vermelho bem como a desculpa para escapar até lá fora para comprar uma série de objetos que só têm utilidade pontual estranhamente nunca tiveram uma conotação tão simpática.
A não esquecer que a quantidade absurda de prendas insignificantes e inúteis foi reduzida às dos gajos com quem passamos 24 horas dos nossos 30 dias dos nossos inúmeros meses confinados. Em virtude disto e num ambiente brilhante cheio de cores e bolas de Natal quem não sente que as bolas cintilantes se assemelham à nossa própria bolha e que esta se fez reduzir face a este vírus quase redondo ?
O nosso espaço encolheu bem como a nossa privacidade. Não bastavam já as redes sociais e as perguntas evasivas nada profissionais dos nossos empregadores para agora também se meterem dentro da nossa casa, roubando-nos o espaço e o significado simpático atribuído ao lar. Talvez nunca se tenha tido a real consciência da diferença de classe social ainda que o vírus não seja esquisito com a classe do bicho.
Agora o local das refeições é temporário porque passou a ser de carácter empresarial. Este ano os anjos comem as nozes e as passas à vista das webcams dos laptops chatos e inoportunos. Já era previsível que os computadores passassem a comer à mesa connosco mas não esperava que fosse tão cedo. Esta ação de Graças vou levantar as mãos ao céu por já não precisar de um namorado pois não quero pensar na dificuldade que seria ser adolescente em tempo de pandemia. Não é que não tenha já visto namorados de mão dada de máscara posta e sem se poderem beijar. Pergunto-me, lá está, será que o vírus afinal para esta categoria não se transmite pela proximidade ? Será um beneficio de salubridade concedido a estes indivíduos em fase de formação ? Os pais dos virgens podem dar Graças pelo prolongamento que tiveram, ou não, não vão estes filhos ter as indevidas medidas de usar máscara durante o ato. Será esta uma prática comum nos dias de hoje ? Não sei e estou longe de saber.
Mas, deixando o brainstorming e voltando à nossa querida bolha, poderia esta ser uma solução real e viável ? Já no filme Bubble boy (2001) o rapaz só podia ir à rua carregando uma enorme bolha de plástico devido à sua baixa imunidade constante. Já se imaginou a rua cheia de bolhas de variadas cores como um verdadeiro enfeite de Natal. Vejam o lado positivo, ao menos íamos todos impermeáveis para o meio da rua, a chuva cá não tocava em nada. Bora lá vestir-nos a rigor este ano com bolhas de plástico às cores com alguma transparência se faz favor mas com 4 m de diâmetro para se cumprir o distanciamento obrigatório, não queremos cá ser foras da lei nem comprar sidras com 0,1% de álcool às 22h00 da matina pá ! Não vá a coitada da sidra apresentar sintomas sars cov a partir das 20h.
m.f.
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